terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Mais um trabalho que recebeu MB

Naiara


João é um rapaz de 23 anos, solteiro e mora com seus pais. É um rapaz inteligente, aparentemente normal e busca perfeição em tudo que faz.
Quando criança, era muito apegado a sua mãe, adorava imitar seu pai. Apesar de imitá-lo, sentia ciúmes quando o via beijando sua mãe e como consequência, fazia muitas birras. Sua mãe achava engraçado, e começava a beijá-lo e a fazer mimos. João sentia como se estivesse flutuando. O menino fazia de tudo para chamar a atenção da sua adorável mãe.
Muito curioso, ao ver o órgão genital de sua mãe pela primeira vez, João não entendeu porque era tão diferente do seu, e ao mesmo tempo aquela diferença o atraía de forma estranha e prazerosa. Aquilo mexia muito com a sua cabecinha. E quanto mais mimos e carinho sua mãe lhe dava, ele queria beijá-la e abraçá-la como forma de retribuição pelo carinho que recebia.
João era um menino muito sapeca, adorava ficar nu e se exibir para a mãe. Sempre que estava nu, tocava seu pequeno órgão, e quando ereto, fazia questão de mostrá-lo. Sua mãe não entendia o porquê desse narcisismo em relação seu pênis.
Essas atitudes do João podem ser explicadas através do complexo de Édipo. O fato de ele estar com ciúmes, quer dizer que o mesmo está apaixonado pela mãe e quer afastar seu pai. 
Segundo o complexo de Édipo, o pênis atrai a mão (isso explica, porque João adorava ficar nu e se tocando). Por volta de três, quatro anos todos os meninos focalizam seu prazer sobre o pênis. Nessa idade, o órgão peniano torna-se a parte do corpo mais rica em sensações e impõe-se como a zona erógena dominante, uma vez que o prazer por ele proporcionado à criança torna-se a referência principal de todos os outros prazeres corporais. A pregnância imaginária do pênis é tamanha que o menino faz dele seu objeto narcísico mais precioso, a coisa pela qual tem mais apego e orgulho de possuir (João, adorava se exibir para a mãe). Assim, tal culto do pênis eleva o primeiro órgão, ao nível de símbolo do poder absoluto e da força viril.
Lúcia, a mãe de João, ficaria assustada com essas explicações. “- Como assim, meu filho apaixonado por mim?” Calma dona Lúcia, calma. Toda criança (menino/menina) passa pelo mesmo processo, seu filho não é o único. O complexo de Édipo se faz necessário, pois é através dele que a criança progressivamente descobre o pudor, descobre o sentimento de culpa, o senso moral e estabelece sua identidade sexual de homem ou mulher.  Lúcia continuou confusa.
 Bem, me deixa explicar melhor. Com quatro anos de idade filho já sente excitação peniana. Por ter o falo, ele se julga poderoso e onipotente. Ao mesmo tempo, ele tem vontade de possuí-la e eliminar o seu marido. João sente prazer em fantasiar seus desejos incestuosos, mas ele acredita que seu pai o punirá, castrando-o. Ao vê-la nua, ele percebe a ausência de um pênis, isso faz com que sinta mais medo de ser punido. Angustiado, prefere renunciar a desejá-la e salvar se pênis. Chega um tempo que João esquecerá tudo: desejos, fantasias e angústias; nessa fase ele irá separar-se sexualmente e passa a adotar a moral de vocês. Compreenderá que seu pai é um homem e você uma mulher e aos poucos, saberá que pertence à linha dos machos. Lúcia continua assustada: “- Santo Deus! Quanta coisa passando pela cabeça do meu filhote, que complicação!”.
Por ser uma mãe super dedicada, Lúcia chegava a exagerar nos cuidados com o seu filho. Tratava-o feito um bebê, mesmo quando o garoto estava em uma das fases mais complicadas de sua vida: a ADOLESCÊNCIA. Essa atitude de sua mãe fez com que João se tornasse um garoto um pouco rebelde e mal humorado. Ele era apaixonado por uma garota da mesma idade e vivia fantasiando um namoro com ela. Annie, segundo João, era a garota mais linda do mundo e qualquer pessoa que a namorasse, tiraria a sorte grande. Ele sempre ia ao clube que ficava próximo à sua casa. Certo dia a encontrou lá, e pela primeira vez a viu de biquíni. Nossa!Que maravilha, como era linda, João ficou tão extasiado que nem havia percebido a ereção do seu pênis. Sem reação, foi pra casa, e não parava de pensar na sua pequena. “Nossa, que sensação! O que era aquilo?” Ao chegar em casa, foi diretamente pro banheiro, e novamente lembrou da cena...sentiu a mesma sensação mas agora com uma vontade incontrolável de se tocar, e quanto mais pensava, mais dava vontade de se tocar. E foi bom, muito bom. A partir daquele dia, João passou a se masturbar com frequência e sempre descobria algo novo com a prática da masturbação.  Até que um dia foi surpreendido por sua mãe que ficou horrorizada. Sem saber o que fazer, tentou explicar-se, mas de nada adiantara. Depois desse flagra, João tentou não se masturbar, mas não conseguia. Ao mesmo tempo em que sentia prazer durante a masturbação, depois do gozo, sentia-se culpado, ao lembrar-se da reprovação de sua mãe.
- Lúcia, você era menos conservadora! Você está punindo seu filho como se ele estivesse cometido um crime. Muito cuidado, pois se descobriu que o homem se torna neurótico porque não pode suportar a medida de privação que a sociedade lhe impõe, em prol dos seus ideais culturais, e concluiu-se então que, se estas exigências fossem bem atenuadas, isso significaria um retorno a possibilidades de felicidade. Portanto minha cara, não reprove seu filho, e nem o prive de desfrutar tal prazer. A masturbação é normal em garotos da idade dele.  Veja bem, seu filho está numa fase de transição, na qual ele deixa de ser criança e passa a ser um adolescente. Quando criança, ele tem de escolher proteger você ou o pênis. Lógico que ele escolherá seu pênis e irá abandoná-la. Ao te renunciar, ele dessexualiza você e o seu marido e recalca desejos, fantasias e angústias.  Aliviado, pode agora abrir-se a outros objetos desejáveis, mas dessa vez legítimos e adaptados às suas possibilidades reais (o desejo de possuir Annie). Curiosa para saber o que se passa na cabeça do seu filho, ela ainda pergunta confusa: “– Isso ainda é o tal do Édipo”? Exatamente minha cara! O complexo de Édipo terá duas consequências decisivas na estruturação da personalidade do seu filho: por um lado o nascimento de uma nova instância psíquica, o supereu, por outro a confirmação de uma identidade sexual nascida por volta dos dois anos de idade e afirmada mais solidamente após a puberdade. Nessa fase da puberdade ele abandona vocês sexualmente e os mantém como objetos de identificação. Ficou mais claro agora? Espero que sim.
Mesmo maior de idade João nutria o amor que sentia por Annie. Agora seu namoro não era uma fantasia, era real. Sim, eles estavam namorando. Ela foi a melhor coisa que acontecera em sua vida. Antes de começar a namorá-la, João vivia mal humorado e agressivo, principalmente por sua mãe tratá-lo feito uma criança. Ele não era feliz.  Lúcia não entendia o porquê. Seu filho tinha tudo que qualquer rapaz em sua idade desejara ter: carro do ano, bons amigos, estudava na melhor escola da cidade, era o melhor aluno da sua turma e poderia ter a qualquer garota. Mas aí estava o problema, João não queria qualquer garota, ele queria a garota, Annie, a sua amada. Sempre buscava perfeição em tudo o que fazia só para chamar a sua atenção. E ela não o notava, não do jeito que ele queria. Então por mais que tivesse tudo, algo lhe faltava.  E ele sofria muito por não ter o amor daquela pequena. Foi então que tentou suprimir essa falta por caminhos diferentes. Todos eles foram recomendados pelas escolas da vida e foram trilhados pelos homens. A satisfação irrestrita de todas as necessidades se apresenta como a maneira mais tentadora de conduzir a vida, mas significa pôr gozo à frente da cautela, trazendo logo o seu próprio castigo. Os métodos mais interessantes para prevenir o sofrimento é apenas sensação, existe somente na medida em que os sentimos, e nós sentimos em virtude em virtudes de certos arranjos de nosso organismo. Para libertar-se desse sofrimento, dessa falta que sentia, João escolheu o método mais cru, mas também mais eficaz: o químico, a intoxicação. Ninguém penetra inteiramente no seu mecanismo, mas há substâncias de fora do corpo que, uma vez presentes no sangue e nos tecidos, produzem sensações imediatas de prazer e também mudam de tal forma as condições de nossa sensibilidade, que nos tornamos incapazes de acolher impulsos desprazerosos. Os dois efeitos não só acontecem ao mesmo tempo, como parecem intimamente ligados. O serviço dos narcóticos na luta pela felicidade e no afastamento da miséria é tão valorizado como benefício, que tanto indivíduos como povos lhes reservam um sólido lugar em sua economia libidinal (isso explica porque João começa a usar drogas, elas compensarão o prazer que ele sentiria ao ter Annie em seus braços). Sabe-se que com a ajuda desse “afasta-tristeza” podemos nos subtrair à pressão da realidade a qualquer momento e encontrar refúgio num mundo próprio que tenha melhores condições se sensibilidade (João sentia-se sufocado por sua mãe tratá-lo feito criança). É notório que justamente essa característica dos entorpecentes determina também o seu perigo e nocividade.
Mais do que nunca João precisava de ajuda. Precisava libertar-se desse vício, ele não lhe causava mais prazer, somente sofrimento. Estaria disposto a deixar de usar drogas se Annie estivesse ao seu lado. Sozinho não teria forças, ele sabia disso. Mesmo com sua mãe apoiando-o, era dele que precisava. Ficou dias sem ir à escola, seus amigos sentiram sua falta, mas foram incapazes de visitá-lo. Annie também sentira falta do seu geniozinho. Sim, ela gostava dele, porém não sabia que se seria retribuída já que o via com diversas garotas ao mesmo tempo. Annie foi a única pessoa a visitar João, e nem sabia o quanto a sua presença seria importante para a sua recuperação.  Ao vê-la em sua casa ficou radiante, acabou criando coragem para  dizer-lhe o quanto era importante para a sua vida e tudo o que fazia era apenas  para chamar a sua atenção; e ela parecia despercebida e nem o notava. Ela rindo, disse-lhe que tudo o que ele fazia era somente afastá-la, já que muitas garotas o cortejava e cada dia ele saia com uma. Esse incidente com o João serviu como ponte para ligá-los. Antes do acontecido os dois malmente trocavam saudações. Annie passou a visitá-lo com frequência e ele foi melhorando dia após dia, sentia-se outra pessoa. Ela agora estava do seu lado, seu porto seguro. Aquele vazio fora preenchido pelo amor que há muito tempo nutria e só agora fora correspondido. Agora sim descobriu a arte de viver, estava feliz de verdade, plenamente realizado. Annie surgiu como uma luz no fim do túnel , melhor dizendo, era a peça chave que faltava para João alcançar a felicidade, estava satisfeito. Amava e era retribuído. O amor sexual o proporcionou a mais forte sensação de prazer avassalador. Eles se completavam em todos os sentidos. Mas João temia que esse sonho bom acabasse, sentia-se inseguro.
 A descoberta do amor sexual proporcionou a João as mais fortes vivências de satisfação, deu-lhe realmente o protótipo de felicidade e isso fez com que ele continuasse a busca de satisfação vital no terreno das relações sexuais, colocando o erotismo genital no centro da vida (Annie era o seu mundo). O rapaz se tornou dependente de maneira preocupante, de uma parte do mundo exterior, ou seja, do objeto amoroso escolhido e fica exposto ao sofrimento máximo quando é por esta desprezado ou a perde graças a morte ou a infidelidade (essas possibilidades tiravam a paz de João). O amor sexual é uma relação entre duas pessoas, na qual uma terceira é talvez supérflua ou importuna, ao passo que a civilização repousa sobre vínculos entre muitas pessoas. No auge de uma relação amorosa não há interesse algum pelo resto do mundo: o poder amoroso basta a si mesmo, não precisa sequer de um filho para se feliz.
O poder que João sentia só de pensar em perder a sua amada era tanto que ele começou a sentir um vazio enorme. Sentia falta de algo e não sabia de quê. O amor que sentia por Annie não era suficiente para preencher esse vazio, embora precisasse dele para seguir em frente.
Nós nos comportamos da mesma forma que o João. Aquilo que chamamos de “felicidade” no sentido mais estrito, vem da satisfação repentina de necessidades altamente represadas, e por sua natureza é possível apenas como fenômeno episódico. Quando uma situação desejada pelo principio do prazer tem prosseguimento, isto resulta apenas em um morno bem-estar; somos feitos de modo a poder fruir intensamente só o contraste, muito pouco o estado. Logo, nossas possibilidades de felicidade são restringidas por nossa constituição. É bem menos difícil experimentar a infelicidade (João sofria só de pensar em perder a sua amada). O sofrer nos ameaça a partir de três lados: do próprio corpo que, fadado ao declínio e a dissolução, não pode sequer dispensar a dor e o medo como sinais de advertência; do mundo externo, que pode se abater sobre nós com forças poderosíssimas, inexoráveis, destruidoras; e por fim, das relações com os outros seres humanos. O sofrimento que se origina desta última fonte, experimentamos talvez mais dolorosamente que qualquer outro; tendemos a considerá-lo um acréscimo um tanto supérfluo, ainda que fosse tão fatidicamente inevitável quanto ao sofrimento de outra origem.
Resumindo, nós nunca estamos satisfeitos. Sempre que conseguirmos alcançar o que desejamos, nossas satisfações serão momentâneas e logo depois buscaremos outra fonte de prazer, por que já nos saciamos daquela outra. Parece fora de dúvida que não nos sentimos bem em nossa atual civilização, mas é difícil julgar se, e em que medida, os homens de épocas anteriores sentiram-se mais felizes, e que papel desempenharam nisto suas condições culturais.

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