segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Vídeos aula Foucault


Nossas companhias na aula de hoje

https://www.youtube.com/watch?v=3WLazG0bQPI

http://www.youtube.com/watch?v=Xkn31sjh4To

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

leiam

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2013/01/21/slavoj-zizek-fara-palestra-no-recife-em-marco-70723.php

Saiba como fazer o trabalho

Pessoas, parece que muitas pessoas ainda não sabem como fazer o trabalho.

Por favor, releiam a mensagem que eu postei aqui no blog no dia 11 de dezembro!

Está em http://www.estudodasubjetividade.blogspot.com.br/2012/12/forma-e-datas-de-avaliacao.html

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Na FSP de hoje


CONTARDO CALLIGARIS
Loucos e adolescentes suicidas
É raro que alguém atravesse a adolescência sem pensar, às vezes, que o futuro pode não valer a pena
Nos EUA, desde o massacre na escola primária Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, o debate não para: quem mata, as armas ou os homens? Obviamente, quem mata são homens com armas -e é mais fácil controlar as armas do que controlar os homens, os quais são bastante imprevisíveis.
Para a NRA (Associação Nacional dos Rifles), ao contrário, as armas não seriam problema à condição de que elas não caíssem nas mãos de malucos. Como evitar que isso aconteça? O presidente da associação propõe a criação de uma lista nacional das pessoas que, em algum momento da vida, precisaram de atendimento em saúde mental. Os que estivessem nessa lista seriam barrados na hora de adquirir uma arma.
Não se sabe se a lista incluiria só os que recorreram a psiquiatras e a medicações ou também os que recorreram a um psicoterapeuta (sem contar os que pediram ajuda a padres, pastores, rabinos e outros "sábios").
Mesmo supondo que se trate só dos pacientes medicados, imagine as consequências. Dez anos atrás, você ficou triste porque perdeu o emprego, e um médico (talvez desavisado) quis ajudar e lhe prescreveu antidepressivos (que, aliás, provavelmente não serviram para nada). Pois bem, desde então, você está na tal lista nacional (a qual, não se iluda, não será consultada só quando você pedir para adquirir uma arma).
Anos atrás, psicoterapeuta nos EUA, eu atendia pacientes que tinham direito ao reembolso da terapia pelo seu seguro de saúde, mas que preferiam pagar meus honorários de seu bolso: eles não queriam que ficasse registrado em lugar algum que eles tinham precisado de assistência em saúde mental -achavam que essa "fraqueza" mancharia seu currículo. Essa preocupação me parecia descabida, mas talvez eles tivessem razão.
Recorrer à psicoterapia e à medicação psiquiátrica se tornou banal. Isso não é só consequência de diagnósticos e prescrições apressados, mas também de uma mudança na ambição da psiquiatria e da psicologia clínica, que querem, como a medicina, cuidar da gente, ou seja, exercer seu poder sobre nossas vidas.
Em vários casos, a nova versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5), da Associação Americana de Psiquiatria, prevista para este ano, baixa o limiar do que pertence à patologia, designando como transtornos -passíveis de cuidado médico e psicológico- afetos, pensamentos e humores que, até hoje, eram considerados parte da experiência humana normal.
Em outras palavras, somos cada vez mais considerados como "doentes" (e convidados a procurar tratamento) por uma psicologia e uma psiquiatria que não param de definir nossa "normalidade" -com as melhores intenções.
Isso é bom ou ruim? Nem sempre é fácil responder. Eis um exemplo, complicado.
Acabo de ler uma pesquisa sobre suicídio na adolescência, de Matt Nock (professor de psicologia em Harvard) e outros, publicada em 9 de janeiro no "JAMA Psychiatry", o Jornal da Associação Médica Americana on-line (íntegra: http://migre.me/cNp2O).
Numa amostra de mais de 6.000 adolescentes de 13 a 18 anos, os pesquisadores acharam que 12% pensaram em suicídio de maneira consistente e continuada -as meninas mais do que os meninos: entre elas, 6% fizeram planos de suicídio e 5% tentaram se matar. Esses números não destoam de minha experiência, tanto de clínico como de ex-adolescente, mas, claro, preocupam.
No entanto, a repercussão do estudo é devida a outro dado: como o "New York Times" destacou, segundo a pesquisa, mais da metade dos adolescentes suicidários tinham recebido algum tipo de tratamento antes de planejar ou mesmo tentar o suicídio.
Receávamos que nossos adolescentes não tivessem acesso ao tratamento do qual precisam, mas o problema, aparentemente, é que os tratamentos não estariam funcionando direito. Claro, é preciso aperfeiçoá-los, estender seu alcance etc. Mas será que nossos tratamentos não funcionam ou será que estamos esperando deles o impossível?
Mal precisa dizer que devemos evitar que os adolescentes se suicidem. Por outro lado, é raríssimo que alguém atravesse a adolescência sem pensar, de vez em quando, que o futuro poderia não valer a pena.
Seria fácil, mais uma vez, designar esse pensamento normal como transtorno e, para curar alguns adolescentes, pretender curar a adolescência, tentando tirar dela aquela dor de viver que, bem ou mal, a define.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Videos da aula de hoje

Seguem os links: http://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A
e Zizek: https://www.youtube.com/watch?v=c2lL96-ixC0

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Nova senha do e-mail

Pessoas, precisei mudar a senha do mail, a pedido do sistema google
A nova senha é: culturas
o mail continua o mesmo: subjetividades2011@gmail.com

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Diferenças entre Jung e Freud

Pessoas, quem ficou curioso para saber mais sobre as diferenças entre Freud e Jung, após a exibição do filme Um método perigoso, sugiro a leitura do texto postado em http://www.psicoanalitica.com.br/difs_epistemologicas.htm

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Boa dica de vídeo

Pessoas
vejam a dica da Clara Valente, muito interessante:

http://vimeo.com/32870968

Mais um texto da FSF, 03/01/13


CONTARDO CALLIGARIS
Experiência para 2013
A vida deixa marcas e feridas na roupa e na gente, escondê-las seria esconder nossa maior riqueza
Vinte anos atrás, fui ao casamento de uma amiga em Saratoga Springs, no norte do Estado de Nova York. Era o fim do inverno; a cidade ainda não recebera a turma das águas termais, que chega na primavera, e ainda menos a turma das corridas de cavalos, que acontecem no verão.
Na noite antes da festa, passeando pela rua principal (que, se não me engano, chama-se Broadway), entrei numa loja para fugir do vento. Num canto, estavam os restos dos restos das liquidações de inverno, descontados até não poder mais: as camisas custavam US$ 5 (R$ 10, mais ou menos). Adquiri duas camisas idênticas de sarja pesada, de um cinza escuro, quase preto. Eram as últimas duas no meu tamanho.
Desde então, com o uso, a sarja se tornou mais macia e a cor desbotou um pouco. Por sorte minha e das camisas, isso aconteceu ao longo de uma época que me parecia valorizar, digamos assim, as marcas da experiência. É dessa forma que sempre entendi a moda do brim desbotado, das bainhas desfeitas e desfiadas ou das calças jeans furadas e rasgadas: a vida deixa marcas e feridas na roupa e na gente, escondê-las (por exemplo, atrás de roupas novas) significaria esconder a maior riqueza que acumulamos, a dos percalços de nossa existência -que eles tenham sido bons ou ruins, tanto faz.
Um dia, 8 anos atrás, a manga de uma dessas camisas brigou com a maçaneta de uma porta, e o tecido foi rasgado, na forma de um sete -de cinco centímetros por oito.
Mandei consertar, sem dissimular o remendo. Afinal, o mundo me parecia maduro para isso: tanto eu quanto minha camisa (que se tornou a preferida das duas) podíamos mostrar sem vergonha as marcas dos anos e das batalhas.
Durante muito tempo, carreguei meu remendo na manga como o distintivo de uma honrada patente militar. Ou como uma declaração à la Neruda, feita por mim e por minha camisa: "confesso que eu vivi".
Como disse, minha confiança no espírito dos tempos era um pouco ingênua, e isso foi revelado nos últimos dias, quando, de repente, um menino de dez anos apontou o dedo para a manga de minha camisa e estranhou: "Mas este é um rasgo?".
Pensei que ele estivesse censurando o que talvez lhe aparecesse como desleixo: por que eu não compraria uma camisa nova e pararia de impor ao mundo a triste visão de um remendo? Mas logo percebi que ele estava usando uma calça jeans rasgada com afinco, de modo que era suficiente ele dobrar levemente as pernas para que seus joelhos estivessem ao ar livre.
Agora, a própria existência de calças rasgadas e desbotadas para crianças invalida meu entendimento de que os nossos tempos valorizariam a experiência. Pois, mesmo vivendo intensamente, uma criança não teria tempo para maltratar sua calça a ponto de lhe imprimir um "look" rasgado radical.
Conclusão: para o menino, meu rasgo e meu remendo eram ruins porque eram verdadeiros. Enquanto os rasgos da calça jeans dele eram bons porque eram de mentira. Ou seja, o que ele aprendera a valorizar não era a experiência real (pressuposto de eventuais acidentes com suas calças), mas os rasgos falsos, ou seja, a pura aparência da experiência.
Entendo que adolescentes e pré-adolescentes tentem aparentar "quilometragem". Alguns, aliás, fazem "besteiras" para acumular logo experiências que lhes permitam se comparar aos adultos. Outros (hoje mais numerosos, talvez?) fazem menos besteiras, porque escolhem um atalho (que os pais, em geral, adoram propor): eles descobrem que arriscar-se a viver é mais difícil e mais cansativo do que acumular e exibir as falsas aparências da experiência. Para eles, os rasgos falsos são propriamente melhores do que os verdadeiros. E brincar é sempre melhor do que viver.
Escrevo esta coluna no dia 31. Estou perto de Times Square. Ao longo da tarde, periodicamente, ouço uma "hola" das pessoas que já esperam para o fim do ano. A "hola" corresponde aos momentos em que as redes de televisão ligam as câmeras. Faz frio e ficar 12 ou 14 horas em Times Square é chato. À meia-noite, você dará um abraço e um beijo nos amigos que estão com você, mas isso você poderia ter feito em casa ou numa festa. A razão de estar em Times Square não é sua experiência, é a aparência de alegria que você talvez possa mostrar ao mundo, na televisão.
Para todos, os votos de um 2013 com rasgos e remendos reais, ou seja, de uma vida que não precise ser confundida com um reality show para convencer aos outros (e à gente) de que ela vale a pena.

    quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

    Texto publicado na FSP de hoje - bom 2013


    MARCELO COELHO
    Arrependimentos terminais
    Às vésperas da morte, as pessoas com quem Bronnie Ware conversou não têm muito de notável a dizer
    Poderia ser uma boa ideia para o final de ano. Em "Antes de Partir" (editora Jardim dos Livros), uma cuidadora especializada em doentes terminais fala do que eles mais se arrependem na hora de morrer.
    A época, como se sabe, é boa para arrependimentos e resoluções, e não sofro especialmente de medo quando se trata de temas trágicos. Se alguém, como Bronnie Ware, aguentou tratar de pacientes desenganados por muitos anos, não seria impossível prestar um pouco de atenção no que ela quis contar.
    Infelizmente, "Antes de Partir" acaba se revelando um livro de autoajuda, não muito diferente das dezenas que existem por aí. Às vésperas da morte, as pessoas com quem Bronnie Ware conversou não têm muito de notável a dizer.
    Há cinco arrependimentos básicos, cada um dos quais explicado e reexplicado em capítulo próprio.
    "Não deveria ter trabalhado tanto", diz um dos pacientes. "Desejaria ter ficado em contato com meus amigos", lembra outro. "Desejaria ter a coragem de expressar meus sentimentos", confessa um terceiro. Outro alerta: "Não deveria ter levado a vida baseando-me no que esperavam de mim".
    Por fim, a chave de ouro: "Desejaria ter-me permitido ser mais feliz". Claro que, nesse nível de generalidade, tudo se equivale. Mas esses arrependimentos também dizem um bocado sobre o tipo de personalidade mais comum em nossa época.
    Há cem anos, ou 50, quem sabe, sem dúvida seriam outros os arrependimentos terminais. "Gostaria de ter sido mais útil à minha pátria", diria alguém. "Gostaria de ter deixado um patrimônio maior para meus descendentes", poderia suspirar o pai de família. "Deveria ter sido mais obediente a Deus", confessaria um terceiro.
    Ideias de autosacrifício, de dever, de empenho na construção do futuro da comunidade, tudo isso compunha um tipo de personalidade sem dúvida mais rígido e convencional, para quem os conceitos de honra, de virtude e de disciplina ainda faziam sentido.
    É o que desaparece nos arrependimentos contemporâneos. Menos do que morrer com a sensação do nome limpo e do dever cumprido, morre-se com a sensação de um ego insatisfeito.
    A insatisfação existe porque o ego, afinal, é insaciável. Por mais que eu me dedique a ser feliz em cada momento, a ser sincero com meus desejos, a fugir das obrigações, sempre vou achar que não me dediquei o bastante a mim mesmo. A vida autocentrada será, desse modo, inevitavelmente frustrante. Mais que isso, vida e frustração se tornam sinônimos. Quando o paciente terminal reclama de não ter pensado mais em si mesmo, ele no fundo está reclamando apenas de não estar podendo viver mais.
    Não digo, é claro, que seja fácil morrer em qualquer circunstância. Mas o problema dos pacientes de Bronnie Ware, e dos leitores de seu livro, não é a falta de autoajuda. É o excesso de autoajuda; quem só se preocupa em atender a si mesmo sempre se sentirá desatendido.
    O paradoxo é que a autora, conforme vai contando suas experiências, demonstra uma extrema capacidade para se dedicar aos outros. É vegetariana, por que não suporta a ideia de ver animais sacrificados. Depois de muitos anos prestando conforto a pacientes terminais, resolveu dar aulas de música para detentas (ela também compõe canções no estilo folk) e, para mudar um pouco de ambiente, faz shows para crianças em idade pré-escolar.
    Nascida na Austrália, Bronnie Ware largou seu trabalho num banco para levar uma vida errante, e começou seu trabalho de cuidadora meio por acaso, no interior da Inglaterra.
    É possível que tratar de pacientes terminais corresponda ao desejo de mudar sempre de casa, de vida e de lugar; durante um tempo Bronnie Ware morou no próprio carro, que aliás caía aos pedaços. A depressão, e um quase suicídio, estavam à espreita.
    Ela se considera uma "doadora natural" -e sua maior dificuldade está, diz ela, em saber receber a ajuda dos outros. Com certa maldade, seria possível observar que no mundo da autoajuda perfeita ninguém estaria ligando muito para ajudá-la de qualquer modo.
    Mas não é verdade. Seu livro tem um precedente respeitável na filosofia de Alain (1868-1951), para quem só as pessoas felizes podem ajudar plenamente o próximo. A felicidade não é um direito, dizia; é um dever. Que cada um cumpra o seu em 2013.