quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mais uma dica

Oi pessoas

eis mais um texto, bem didático, em que uma estudante tenta fazer a ligação entre o cuidado e escrita de si (Foucault) e o corpo sem órgãos (Deleuze).

http://www.uff.br/periodicoshumanas/index.php/Fractal/article/view/26/12

para quem ainda tem fôlego

abrs

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

terça-feira, 8 de novembro de 2011

mais um texto



São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2011
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VLADIMIR SAFATLE

A verdadeira crise

E se, para além da crise econômica, política e ambiental que parece atualmente ser um fantasma a assombrar as sociedades capitalistas, outra crise estivesse à espreita?
Uma crise ainda mais brutal, dotada da força de abalar os fundamentos da normatividade existente. Lembremos como Max Weber mostrou que o advento do capitalismo trazia, necessariamente, a constituição de uma forma de vida marcada por um modo específico de relação aos desejos e ao trabalho.
Tal forma de vida, cuja face mais visível era a ética protestante do trabalho, baseava-se em um modo de articular autonomia como autogoverno, unidade coerente das condutas e da liberdade como capacidade de afastar-se dos impulsos naturais. Ou seja, ela trazia no seu bojo a criação da noção moderna de indivíduo.
Mas, e se estivéssemos hoje às voltas com uma profunda crise psicológica advinda do colapso dessa noção tão central para as sociedades capitalistas modernas?
Uma crise psicológica significa aumento insuportável do sofrimento psíquico devido à desestruturação de nossas categorias de ação e de orientação do desejo.
O sociólogo Alain Ehrenberg havia cunhado uma articulação consistente entre a atual epidemia de depressão e um certo "cansaço de ser si mesmo".
Por sua vez, boa parte dos transtornos psíquicos mais comuns (como os transtornos de personalidade narcísica e de personalidade borderline) são, na verdade, as marcas da impossibilidade dos limites da personalidade individual darem conta de nossas expectativas de experiência.
É possível que, longe de serem meros desvios patológicos, estes sejam alguns exemplos de uma crise em nossos modelos de conduta que crescerá cada vez mais.
Conhecemos um momento histórico no qual uma crise psicológica dessa natureza ocorreu. Momento marcado pela retomada do ceticismo e de um desespero tão bem retratado nos quadros do pintor Hieronymus Bosch.
Ele só foi superado por processos históricos, fundamentais para o aparecimento da individualidade moderna, nomeados, não por acaso, de Renascimento e de Reforma.
Tais palavras nos lembram que algo estava irremediavelmente morto e desgastado. Algo precisava renascer e ser reformado.
Talvez estejamos entrando em uma outra longa era de crise psicológica onde veremos nossos ideais de individualidade e de identidade morrerem ou, ao menos, algo fundamental de tais ideais morrer.
O problema é que, algumas vezes, a morte dura muito tempo. Algumas vezes, precisamos de acontecimentos que ocorrem duas vezes para, enfim, terminarmos de morrer.

VLADIMIR SAFATLE escreve às terças-feiras nesta coluna.

domingo, 6 de novembro de 2011

avisos

oi pessoas
teremos aula normal na quarta de noite, reservada apenas para entrega dos projetos e para a orientação dos trabalhos de pesquisa.
não haverá atividade da acta na quarta de noite.
abrs, leandro


ps: cfe avisei na sexta passada, a orientação de trabalhos da turma de sexta de tarde será na sala do cult, no segundo andar do paf 4. Estarei lá às 13h e vou atender todos os que lá estiverem. Ao acabar, vou embora, ou seja, não vou ficar esperando as bunitas até o final do dia.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

aviso

pessoas

mudei um pouco o nosso cronograma e vcs não precisarão mais ler e entregar o roteiro do texto Psicanálise e familiarismo: a sagrada família, de Deleuze e Guatarri (p. 53 a 78).

explico o assunto em aula. ninguém será prejudicado por isso, ok?

concentrem as suas energias nos projetos e nas pesquisas finais

abrs

na folha de hoje

São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2011 
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ENTREVISTA ERIC KANDEL

Psiquiatria está em crise por falta de provas científicas

PRÊMIO NOBEL FALA SOBRE A DIFICULDADE DE FAZER DIAGNÓSTICOS OBJETIVOS DE TRANSTORNOS MENTAIS 

Samuel Kubani - 29.dez.2006/France Presse
O neurobiólogo Eric Kandel, antes de encontro com o presidente da Áustria, em Viena

RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON

A psiquiatria está em crise, porque falta comprovação biológica para seus conceitos. Essa é a opinião do neurobiólogo Eric Kandel, 81, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina de 2000.
O cientista, premiado por seus estudos com memória, desembarca nesta semana no Rio de Janeiro para participar do Congresso Brasileiro de Psiquiatria.
Em entrevista à Folha, Kandel condenou o uso de remédios como a ritalina (droga para tratar deficit de atenção) para melhorar a concentração de pessoas saudáveis.
Ele falou também sobre a validade da psicanálise, que pode cobrir lacunas da psiquiatria, caso adote padrões científicos mais rígidos. O pesquisador comenta também sobre sua nova invenção: um camundongo "esquizofrênico" para testar medicamentos.

 


Folha - Psiquiatras estão debatendo mudanças no manual de diagnósticos de transtornos mentais. Muitos acham que o livro não pode tentar ser muito objetivo. O que o sr. acha?
Eric Kandel - 
A preocupação com a objetividade foi introduzida há uns 20 anos quando houve uma tentativa de validar os critérios do manual para descrever transtornos. Isso foi extremamente importante para que diferentes psiquiatras pudessem dar o mesmo diagnóstico a um mesmo paciente.
Mas não houve muitos avanços desde então. Uma das razões para isso é que os psiquiatras não têm os chamados "marcadores biológicos" à disposição. Se você diagnostica diabetes ou hipertensão, pode usar medições objetivas, independentes. Não precisa se basear apenas naquilo que o paciente lhe conta. Nós, psiquiatras, ainda temos que recorrer à história do paciente. Precisamos desesperadamente de bons marcadores biológicos. Sem isso, podemos publicar quantas edições quisermos do manual, que não chegaremos a lugar nenhum.

A esquizofrenia afeta capacidades mentais humanas. Como é possível usar um camundongo para estudá-la?
A esquizofrenia tem três classes de sintomas. Há os "positivos" -ilusões, alucinações e loucura-, os "negativos" -reclusão, isolamento social e falta de motivação- e os "cognitivos" -a dificuldade de organizar as ideias e trabalhar. É difícil criar um modelo para estudar os sintomas positivos em cobaias, mas podemos modelar os cognitivos e negativos.
Criamos um camundongo cujo corpo estriado [estrutura no núcleo do cérebro] produz em excesso uma proteína que os neurônios usam para captar o neurotransmissor dopamina. Essa é uma lesão genética que ocorre em parte dos pacientes com esquizofrenia. Depois, encontramos um medicamento que supera essa deficiência e a restaura ao normal. Achamos que isso poderá ser útil para tratamentos de depressão também.

O que o sr. acha de usar drogas, como a ritalina (receitada para deficit de atenção) para "turbinar" a inteligência, aumentando a concentração? 
Não acho que seja boa ideia para pessoas saudáveis. Esses remédios devem ser prescritos para pessoas com problemas cognitivos. Essa drogas não devem nunca ser vendidas sem receita. Não são vitaminas.

O sr. vem falar no Brasil, onde a psicanálise é relativamente bem aceita. Nos EUA, não é assim. Que papel o sr. vê para as ideias de Freud hoje?
Não vejo problema em ler Freud da mesma forma que lemos Nietzche, Dostoiévski ou Shakespeare -grandes pensadores que escreveram sobre a mente humana. Mas se você quer que a psicanálise seja uma terapia eficaz, é preciso ter estudos que mostrem resultado. É necessário explicar o que ocorre no cérebro. Isso seria trabalhoso, mas é precisa ser feito.
O maior problema não é com Freud, mas com aqueles que o sucederam. Eles não desenvolveram uma tradição científica na psicanálise. O treinamento para psicanálise deveria mudar, de forma que uma parte das pessoas formadas se dedicasse exclusivamente à pesquisa.

Não existe hoje uma aceitação maior de que a mente descrita por Freud possui estruturas correlatas no cérebro?
Sim. O córtex pré-frontal está muito relacionado à moralidade e ao julgamento de valores, por exemplo. Uma lesão nessa região do cérebro pode tornar uma pessoa amoral, um psicopata. Mas acima disso, a ideia geral de Freud sobre processos mentais inconscientes é muito importante para nossas vidas. Boa parte de nossa atividade mental é inconsciente. Isso acabou se mostrando uma verdade universal.

O sr. passou a infância em Viena, quando Freud ainda vivia lá, sofrendo também a perseguição nazista. Isso o influenciou em sua maior aceitação à psicanálise?
Isso teve efeitos positivos e negativos em mim. De um lado, parte de minha vida era superar o transtorno do estresse pós-traumático, porque foi uma experiência terrível. Mas eu fui influenciado pela cultura de Viena, tinha muitos amigos cujos pais eram psicanalistas, e tinha interesse nisso.
Eu só desisti da psicanálise quando me apaixonei pela neurobiologia. E eu me interessei pelos mecanismos de armazenamento de memória, porque é um assunto central da psicanálise.