quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sobre os "contingentes que vagueiam pelo mundo forçando as fronteiras dos países ricos"

Ban Ki-moon pede aos europeus mais tolerância com imigrantes

Portal Terra . 19 de outubro de 2010 • 15h08 • atualizado às 15h12

O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon pediu aos europeus mais tolerância para com seus imigrantes, por ocasião do 60º aniversário da Convenção Europeia dos Direitos Humanos comemorado nesta terça-feira em Estrasburgo.

"O desafio europeu do século 21 é - após ter conquistado a paz no século passado - a tolerância interna", declarou.

O número um das Nações Unidas se expressou sobre o tema em dois discursos distintos, o primeiro no Conselho da Europa - organização pan-europeia que reúne 47 países - e o segundo na sede em Estrasburgo do Parlamento das 27 nações da UE.

Ele lamentou que a situação ainda não tenha melhorado desde a visita, em 2003, de seu antecessor aos deputados europeus. Kofi Annan havia lançado "um apelo exaltado para que a Europa aproveitasse o impulso proporcionado pela imigração e resistisse aos que demonizavam esses recém-chegados como ''os outros''".

"Uma tendência perigosa está surgindo: alguns brincam com o medo das pessoas", continuou, sendo aplaudido pelos deputados europeus.

"Eles acusam os imigrantes de violar os valores europeus, enquanto que muitas vezes são os próprios acusadores que subvertem esses valores, inclusive a própria ideia de cidadão da União Europeia".

"Os capítulos mais negros da história da Europa foram escritos com essa linguagem", comentou Ban, revelando que "hoje, os principais alvos são os imigrantes muçulmanos".

"A Europa não pode permitir estereótipos que fecham os espíritos e alimentam o ódio. E o mundo não pode permitir uma Europa que faz este tipo de coisa", completou.

Mais cedo, na sede do Conselho da Europa, o secretário-geral da ONU lamentou que uma "preocupação crescente" nos países desenvolvidos sirva de "pretexto a políticas de discriminação e exclusão".

"Em muitos países desenvolvidos, a imigração e a recessão econômica suscitam uma preocupação crescente, que cada vez mais serve de pretexto a políticas de discriminação e exclusão", afirmou.

Hoje, "o cisma entre o Leste e o Oeste foi substituído por uma ruptura cada vez mais acentuada entre Norte e Sul. Os direitos civis e políticos recuam, o engajamento em favor do direito ao desenvolvimento social e econômico não está em vigor".

"Quando falamos de direitos humanos, não deve haver seletividade", insistiu Ban.

O secretário-geral elogiou a iniciativa tomada pelo Conselho da Europa em marcar uma reunião "de alto nível" com a UE na quarta-feira, em Estrasburgo, para "discutir a integração dos ciganos na Europa".

AFP

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